Implante cerebral permite o movimento de paciente com paralisia
Quando os sinais enviados pelo cérebro não são recebidos ou identificados pelos tecidos musculares, o organismo perde seus movimentos. Seja resultante de algum tipo de acidente ou de uma doença degenerativa, a paralisia afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Atualmente, diversas barreiras já foram superadas, porém a paralisia ainda dificulta, e muito, a vida dessas pessoas.
Pensando nisso, pesquisadores e neurocientistas têm pesquisado e desenvolvido métodos conhecidos como "atalhos neurais": através da implantação de dispositivos neuroprostéticos, os pacientes conseguem contornar vias neurais desfuncionais, recuperando parte ou a totalidade de seus movimentos musculares. Ian Burkhart é um paciente americano que perdeu seus movimentos abaixo dos ombros após acidentar-se durante um mergulho. Passado o trauma do acidente, Ian resolveu inscrever-se na Universidade do Estado de Ohio, onde mora, para que os pesquisadores pudessem utilizá-lo como voluntário em testes para o desenvolvimento de tecnologias de reanimação neural-muscular.
Para as pesquisas, Ian teve seu cérebro escaneado por ressonância magnética enquanto assistia a vídeos e tentava movimentar suas mãos como nos vídeos. Assim, os pesquisadores conseguiram analisar as regiões do córtex cerebral – a área do cérebro responsável por coordenar nossos movimentos – ativadas durante cada um dos movimentos.Identificadas as principais regiões ativadas durante a movimentação das mãos, os pesquisadores implantaram um chip no cérebro do rapaz. Este chip, capaz de identificar padrões da atividade elétrica cerebral, passou então a transmitir as "mensagens" cerebrais de Ian para um computador, enquanto Ian intencionava mentalmente os seus movimentos.
Desta forma, cada vez que Ian pensava em fechar sua mão direita, por exemplo, o chip implantado em seu cérebro identificava e transmitia os padrões elétricos pra esta função, e o computador recebia e traduzia estes padrões, transmitindo-os a uma espécie de pulseira implantada ao redor de seu antebraço – que estimulava os músculos da região, resultando no movimento. Mas os resultados não foram obtidos assim tão facilmente. Após a implantação do chip, Ian precisou passar por diversos treinamentos para que a metodologia funcionasse. Durante 15 meses, o jovem participou de até três sessões semanais, como um verdadeiro esportista treinando seus movimentos!
Obviamente, a estrutura apresenta ainda algumas limitações, dentre elas a necessidade de uma recalibração diária do sistema, além de que o mesmo não pode ser montado ou utilizado fora do laboratório, o que torna a técnica cara e dificulta sua utilização por outras pessoas.Porém, além de ser um primeiro passo na busca de soluções para as pessoas que sofrem com a perda de seus movimentos, de acordo com os pesquisadores responsáveis, esta é a primeira vez que um estudo desse tipo apresenta resultados tão promissores.